China realiza 1º transplante de pulmão de porco em humano
Por Redação com agências
Médicos chineses realizaram pela primeira vez o transplante de um pulmão de porco geneticamente modificado em um ser humano. O procedimento ocorreu em um homem de 39 anos em morte cerebral após hemorragia cerebral, com autorização da família. O órgão funcionou por nove dias, de acordo com relatório publicado nesta segunda-feira (25) na revista Nature Medicine.
A equipe do Primeiro Hospital Afiliado da Universidade Médica de Guangzhou informou que o pulmão passou por seis edições genéticas para reduzir riscos de rejeição e foi retirado de um animal mantido em condições rigorosamente controladas. O paciente recebeu medicamentos para evitar infecções e rejeição, mas apresentou complicações já no primeiro dia após a cirurgia. Houve acúmulo de líquidos nos tecidos, além de sinais progressivos de rejeição, levando ao fim do experimento a pedido da família.
Especialistas apontam que, embora o estudo mostre a viabilidade inicial do xenotransplante — uso de órgãos de animais em humanos —, ainda há grandes obstáculos a superar, principalmente em relação à rejeição e à complexidade dos pulmões.
Nos últimos anos, pesquisadores já obtiveram resultados limitados com rins e corações de porcos geneticamente modificados. Em janeiro, um paciente em Massachusetts recebeu um rim de porco e segue em acompanhamento.
A demanda por órgãos é alta: só nos Estados Unidos, mais de 103 mil pessoas aguardavam transplantes em 2023, enquanto pouco mais de 48 mil procedimentos foram realizados. Cerca de 13 pacientes morrem por dia à espera de um órgão, segundo dados da Agência de Recursos e Serviços de Saúde (HRSA).
Apesar do avanço chinês, especialistas como o Dr. Ankit Bharat, da Northwestern Medicine, avaliam que transplantes de pulmão de porco ainda estão distantes de se tornarem realidade clínica. Pesquisas paralelas exploram alternativas como o uso de células-tronco humanas em estruturas de pulmões de porco, em busca de soluções menos suscetíveis à rejeição.