Agência Internacional de Energia Atômica convoca reunião de emergência após ataque dos EUA ao Irã
UOL
O chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, anunciou uma "reunião de emergência" na segunda-feira (23) na sede do órgão da ONU em Viena, na Áustria, após os ataques dos Estados Unidos no Irã. Os EUA atingiram três importantes instalações nucleares no Irã no domingo (22), em bombardeios sem precedentes contra o país, que acusou Washington de "cruzar uma importante linha vermelha", no décimo dia da guerra entre Irã e Israel.
"Em razão da situação urgente no Irã, convoco uma reunião de emergência do Conselho de Governadores para amanhã", escreveu Rafael Grossi no X, no domingo.
A agência de notícias iraniana Irna informou que 40 mísseis foram disparados contra Israel, causando grandes danos e ferindo 23 pessoas, de acordo com os serviços de emergência israelenses.
Depois de colocar em dúvida a possibilidade de uma intervenção contra o Irã, solicitada por seu aliado israelense, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que as principais instalações de enriquecimento nuclear do país - suspeito pelo ocidente de querer adquirir armas nucleares - haviam sido "totalmente destruídas" pelos ataques americanos.
Embora os ataques no Irã não tenham causado vítimas, segundo o Crescente Vermelho Iraniano, a extensão exata dos danos infligidos não foi conhecida imediatamente.
Israel anunciou que estava verificando os resultados dos ataques americanos em Fordo, uma usina de enriquecimento de urânio enterrada sob uma montanha 180 km ao sul de Teerã.
De acordo com uma análise de imagens de satélite realizada pela AFP usando dados da empresa americana Planet Labs PBC, o solo parece ter sido afetado e a cor da montanha mudou desde 19 de junho.
"Não sobrou nada"
As Forças Armadas iranianas disseram que tinham como alvo o aeroporto internacional Ben Gurion, perto de Tel Aviv, e usaram mísseis balísticos de várias cabeças "pela primeira vez", de acordo com a Irna.
Os Guardas Revolucionários, o exército ideológico da República Islâmica, ameaçaram usar "opções além da compreensão". Israel elevou seu nível de alerta em todo o país e anunciou uma nova série de ataques no Irã. A agência iraniana Isna informou que quatro soldados foram mortos em sua base no norte do país.
Em Ramat Aviv, uma área residencial de Tel Aviv, os moradores saíram de seus abrigos e encontraram prédios destruídos. "Toda a nossa casa foi destruída, não sobrou nada", disse Aviad Chernichovsky à AFP. Em um conjunto habitacional em Ness Ziona, mais ao sul, as equipes de resgate continuam a inspecionar os escombros, enquanto os moradores estão abandonando as casas com telhados destruídos, carregando malas.
"As instalações essenciais de enriquecimento nuclear do Irã foram total e completamente destruídas. O Irã, o rei do Oriente Médio, deve agora fazer a paz", disse Donald Trump na Casa Branca, caso contrário "os próximos ataques serão muito maiores".
Antes do ataque maciço de Israel ao Irã em 13 de junho, Teerã e Washington haviam retomado as negociações em abril, com a mediação de Omã, para chegar a um acordo sobre o programa nuclear iraniano.
Os Estados Unidos e Israel "cruzaram uma importante linha vermelha", disse o chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araghchi, no domingo, durante uma visita a Istambul.