Bolsonaro nega incentivo aos atos de 8 de janeiro e diz que 'malucos' pedem AI-5 por conta própria
Por redação
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou, nesta terça-feira (10), qualquer envolvimento ou incentivo às manifestações antidemocráticas que culminaram nas invasões aos prédios dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. Em depoimento à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), ele afirmou que existem “malucos” que pedem por um novo AI-5 e por intervenção militar, mas que tais pedidos não contam com seu aval nem com o das Forças Armadas.
“Tem os malucos que ficam com essa ideia de AI-5, de intervenção militar das Forças Armadas... que os chefes das Forças Armadas jamais iam embarcar nessa só porque o pessoal estava pedindo ali”, declarou o ex-presidente. O AI-5, promulgado em 1968, foi o ato mais repressivo do regime militar, responsável por suspender garantias constitucionais e intensificar a perseguição política no país.
Bolsonaro prestou depoimento como réu no processo que apura uma tentativa de golpe de Estado após o resultado das eleições de 2022. Ele foi o sexto acusado a ser ouvido na investigação, conduzida pelo STF.
Ao ser questionado sobre os protestos que contestavam a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-presidente ressaltou que gravou um vídeo pedindo a desobstrução de vias públicas. “Se eu almejasse um caos no Brasil, era só ficar quieto”, argumentou.
Ele também negou ter incitado a violência ou qualquer ato ilegal. “Nós repudiamos tudo isso aí. Com todo respeito, doutor Paulo Gonet, não procede que eu colaborei com o 8 de janeiro. Não tem nada meu ali, estimulando aquela baderna que nós repudiamos”, afirmou.
Bolsonaro disse ainda que, antes de viajar para os Estados Unidos, fez uma transmissão ao vivo afirmando que não buscava confronto e que, durante o período crítico, manteve-se recluso no Palácio da Alvorada.
Apesar das declarações, durante as manifestações pró-Bolsonaro após a derrota nas urnas, foram registradas diversas faixas e cartazes pedindo intervenção militar e a permanência do ex-presidente no poder.