Ex-comandante da FAB confirma apresentação de “minuta golpista” em reunião

03 de junho de 2025 às 14:27
POLÊMICA

Foto: reprodução

Por redação com InfoMoney

O Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou nesta terça-feira (3) os vídeos das testemunhas ouvidas no processo que apura a tentativa de golpe de Estado em 2022. Um dos depoimentos de maior impacto foi o do ex-comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Almeida Baptista Júnior, que confirmou ter sofrido pressão após se recusar a participar das articulações lideradas pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo Baptista Júnior, a pressão partiu de aliados próximos de Bolsonaro, como o general Walter Braga Netto, então ministro da Casa Civil e vice na chapa à reeleição, e o empresário Paulo Figueiredo. “Fui pressionado pelo ministro Braga Netto. Sofri ataques de pessoas ligadas ao ex-presidente Bolsonaro”, afirmou o brigadeiro, relatando perseguições e ofensas em redes sociais.

Ele relatou ainda ter participado de uma reunião no Palácio da Alvorada, logo após o segundo turno, na qual foram discutidas “hipóteses de atentar contra o regime democrático”, como decretos de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), estado de defesa e estado de sítio.

Durante o encontro, o brigadeiro confirmou que foi apresentado a uma minuta de decreto que previa a decretação de estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) — o que, na prática, impediria a posse do presidente eleito. O documento, segundo ele, foi entregue pelo então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira.

“Eu falei: ‘Esse documento prevê a não assunção, no dia 1º de janeiro, do presidente eleito?’ E ele falou: ‘Sim’. E aí eu falei: ‘Não admito sequer receber este documento, não ficarei aqui’. Levantei, saí da sala e fui embora”, relatou.

Ao ser questionado sobre a postura dos demais presentes na reunião, Baptista Júnior afirmou que o general Garnier permaneceu em silêncio, mas que o comandante do Exército à época, general Marco Antônio Freire Gomes, também se opôs à proposta — e chegou a ameaçar Bolsonaro de prisão.

“O general Freire Gomes é uma pessoa polida, educada. Logicamente ele não falou essa parte com agressividade com o presidente da República, ele não faria isso. Mas é isso que ele falou. Com muita tranquilidade, com muita calma, mas colocou exatamente isso: ‘Se o senhor tiver que fazer isso, vou acabar lhe prendendo’”, relatou.

“No dia 1º de janeiro o senhor não será presidente”

O brigadeiro disse ainda ter deixado claro a Bolsonaro que não haveria qualquer chance de continuidade no cargo: “Eu falei com o presidente Bolsonaro: aconteça o que acontecer, no dia 1º de janeiro o senhor não será presidente”.

A postura de Baptista Júnior e de Freire Gomes contrasta com os relatos de outras testemunhas de defesa, que descreveram Bolsonaro como alguém abatido pela derrota, mas comprometido com a transição institucional. O depoimento do brigadeiro reforça a linha da acusação de que houve articulação concreta dentro do governo para tentar reverter o resultado das urnas.

O julgamento no STF segue em andamento. Os interrogatórios dos réus do núcleo político e militar da tentativa de golpe estão marcados para 9 de junho, com início às 14h. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, será o primeiro a depor, seguido de outros ex-integrantes do governo e do próprio ex-presidente.

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