Fundadora do 'Por Mulheres Brasil' destaca importância da nomeação de Marluce Caldas ao STJ e o desafio da equidade de gênero nos tribunais superiores
Redação
Na edição desta sexta-feira (30) do programa Mobiliza, a advogada Andréia Feitosa, representante da fundadora da startup social Por Mulheres Brasil, concedeu uma entrevista em que defendeu com firmeza a nomeação da procuradora Marluce Caldas para o Superior Tribunal de Justiça (STJ). A fala de Feitosa trouxe à tona discussões urgentes sobre a representatividade feminina nos espaços de poder e a desigualdade de gênero nas cortes superiores do país.
"Existe uma desigualdade de gênero nos tribunais superiores. Somos a maioria entre as advogadas e também no eleitorado, mas, quando se trata da ascensão a cargos altos, enfrentamos uma barreira política clara", afirmou Andréia. Segundo ela, esse cenário reforça a importância de campanhas que apoiem a presença de mais mulheres em posições de destaque no Judiciário.
Feitosa destacou que, apesar do currículo extenso e consolidado de Marluce Caldas — que inclui uma carreira sólida no Ministério Público e no magistério jurídico —, as nomeações para os tribunais superiores costumam ser lentas, devido à concorrência com outros nomes igualmente qualificados. Ainda assim, defendeu que a atual conjuntura é propícia para que a procuradora seja nomeada. "Tivemos recentemente a aposentadoria de duas ministras da Corte. Nada mais plausível, na busca por pluralidade, que a nomeação de uma mulher — e mais do que isso, uma mulher nordestina, com uma trajetória respeitável", afirmou.
A advogada também ressaltou que a luta por equidade de gênero não é uma disputa entre homens e mulheres, mas uma causa de justiça, democracia e pluralidade. "As mulheres enfrentam obstáculos desde a entrada nessas carreiras. Quando conseguimos abrir espaços, os resultados são sempre benéficos. O caminho é o diálogo e a união."
Ao comentar o contexto político, Andréia lembrou que o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito com forte apoio do voto feminino e que essa parcela do eleitorado está cada vez mais atenta às movimentações de poder. "Alagoas tem líderes políticos influentes em Brasília, uma tradição jurídica respeitável — terra de Pontes de Miranda — e deve se unir em torno desta campanha, independentemente de viés político", completou.
Ela concluiu reforçando a importância da pressão da sociedade civil e de instituições como a OAB e o Ministério Público para garantir avanços concretos na equidade de gênero. "A candidatura de Marluce Caldas não é apenas a de uma mulher. É a de uma profissional preparada, em um momento simbólico e necessário. A sociedade precisa se mobilizar. Essa é uma pauta urgente e legítima."