Desemprego fica em 6,6% no trimestre encerrado em abril
iG
A taxa de desocupação no Brasil ficou em 6,6% no trimestre de fevereiro a abril de 2025, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (29) pela PNAD Contínua Mensal, do IBGE. O índice mostra estabilidade em relação ao trimestre anterior (6,5%) e representa uma queda de 1 ponto percentual em comparação com o mesmo período do ano passado.
O levantamento aponta ainda que o número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado atingiu um novo recorde: 39,6 milhões de pessoas. O crescimento foi de 0,8% em relação ao trimestre encerrado em janeiro e de 3,8% na comparação anual.
De acordo com o IBGE, cerca de 7,3 milhões de brasileiros estavam desempregados no período. O número é praticamente o mesmo do trimestre anterior, mas representa uma queda de 11,5% frente ao mesmo intervalo de 2024 — ou seja, 941 mil pessoas a menos fora do mercado de trabalho.
“O mercado de trabalho manteve sua capacidade de absorver empregos temporários criados no fim de 2024, o que ajuda a explicar essa estabilidade nas taxas de desocupação e subutilização”, explica William Kratochwill, analista da pesquisa.
Subutilização também se mantém estável
A taxa composta de subutilização da força de trabalho — que inclui desocupados, subocupados por insuficiência de horas e a força de trabalho potencial — ficou em 15,4%, estável em relação ao trimestre anterior (15,5%). Em comparação com o ano passado, no entanto, a queda foi de 2 pontos percentuais.
O total de pessoas ocupadas no país chegou a 103,3 milhões no trimestre encerrado em abril, número que também indica estabilidade na comparação trimestral. Já em relação ao mesmo período de 2024, o crescimento foi de 2,4% (mais 2,5 milhões de pessoas). O nível de ocupação se manteve em 58,2%, com alta de 0,9 ponto percentual frente ao ano anterior.
Informalidade recua e carteira assinada impulsiona mercado formal
A taxa de informalidade caiu para 37,9%, o que equivale a 39,2 milhões de pessoas. Essa foi a menor taxa tanto na comparação com o trimestre anterior (38,3%) quanto com o mesmo período de 2024 (38,7%). O recuo é atribuído à estabilidade no número de trabalhadores sem carteira (13,7 milhões) e dos que atuam por conta própria (26 milhões).
Segundo o analista do IBGE, o avanço na formalização está relacionado a um mercado de trabalho mais aquecido. “O mercado de trabalho apresentando níveis mais baixos de subutilização da população em idade de trabalhar, como vem acontecendo, naturalmente impulsiona as contratações formalizadas, uma vez que a mão de obra mais qualificada exige melhores condições de trabalho”, avalia William.
Setor público e áreas sociais puxam crescimento da ocupação
Entre os dez grupamentos de atividades econômicas analisados, apenas o setor de Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais apresentou aumento de ocupação frente ao trimestre anterior. Isso se deve, principalmente, ao início do ano letivo.
“Esse grupamento possui uma característica peculiar neste trimestre, pois é quando ocorre o início do ano letivo. Consequentemente, é preciso uma estrutura de suporte, com a contratação de professores, ajudantes, cuidadores, cozinheiros e recepcionistas”, explica William.
Na comparação anual, cinco setores apresentaram crescimento no número de ocupados:
- Indústria Geral (+3,6% ou 471 mil pessoas)
- Comércio e reparação de veículos (+3,7% ou 696 mil)
- Transporte, armazenagem e correio (+4,5% ou 257 mil)
- Informação, comunicação e atividades financeiras e administrativas (+3,4% ou 435 mil)
- Administração pública e áreas sociais (+4,0% ou 731 mil)
Em contrapartida, a agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura registrou queda de 4,3%, o que representa menos 348 mil trabalhadores.
Renda dos trabalhadores atinge novo recorde
O rendimento real habitual do trabalho ficou em R$ 3.426, estável no trimestre, mas com aumento de 3,2% frente ao mesmo período de 2024. Já a massa de rendimento real — a soma dos ganhos de todos os trabalhadores — chegou a R$ 349,4 bilhões, um novo recorde. O valor representa alta de 5,9% (R$ 19,5 bilhões) em relação ao ano anterior.
“A massa de rendimento alcançou esse pico devido à estabilidade do nível da ocupação, além de aumentos pontuais da população ocupada com carteira de trabalho assinada nos setores privado e público”, destaca Kratochwill.