Caso Ana Beatriz: boato sobre gravidez pode ter levado ao assassinato
Redação
A Polícia Civil de Alagoas localizou, no sábado (3), o corpo de uma jovem com características compatíveis com Ana Beatriz, adolescente de 17 anos que estava desaparecida desde o dia 8 de abril. A descoberta foi feita em um sítio no Litoral Norte, após denúncia encaminhada pela Polícia Penal, e o caso está sendo tratado como possível feminicídio.
De acordo com a delegada Thalita Aquino, responsável pela investigação, na coletiva de imprensa desta segunda (05), Ana Beatriz foi vista pela última vez no Instituto Federal de Alagoas (IFAL), onde estudava. “Temos imagens dela entrando na sede. Ela saiu por volta das 12h20 e informou à família que teria aula também no turno da tarde, o que não era verdade”, explicou a delegada. Ao sair, Ana seguiu para Garça Torta, onde teria se encontrado com um homem com quem mantinha um relacionamento extraconjugal.
A delegada relata que o desaparecimento só foi percebido à noite. “O namorado de Ana ficou esperando uma mensagem, que não chegou, e entrou em contato com a família. Foi feito o boletim de ocorrência e iniciamos as investigações”, afirmou. A polícia analisou a rotina da jovem, seu aparelho celular e extratos bancários, com ajuda da família. Um Pix de R$ 20 foi identificado na conta dela no dia do desaparecimento — a transferência foi feita por terceiros, a pedido do suspeito, com a justificativa de que o valor seria para a filha dele. No entanto, a polícia concluiu que o dinheiro seria para custear o deslocamento de Ana até o encontro.
Diante das provas iniciais, foi solicitada a prisão do suspeito, que já mantinha contato com a família da adolescente e era alvo de boatos sobre um envolvimento com a jovem. Ainda segundo a delegada, o mototaxista que levou Ana até a região também foi ouvido.
A polícia trabalha com a hipótese de que Ana Beatriz teria contado ao suspeito que estava grávida, o que pode ter motivado o crime, já que o homem é casado e tem filhos. Colegas de escola disseram que ela comentava sobre a gravidez e afirmava saber até o sexo do bebê, mas a família desconhecia essa informação. A perícia, por sua vez, não encontrou sinais de gestação.
A coordenadora da Perícia Oficial, Rosana Coutinho, explicou que o corpo foi localizado em um poço, em uma área de baixa temperatura, o que favoreceu o processo de saponificação — uma espécie de conservação natural dos tecidos. “Não foram identificadas lesões por arma de fogo ou branca. Todos os exames ainda estão sendo realizados para determinar a causa da morte”, disse.
A polícia pretende ouvir o suspeito nos próximos dias para entender a dinâmica do crime e como ocorreu a ocultação do cadáver. A identificação oficial do corpo e o laudo da causa da morte ainda são aguardados.