Ambulante senegalês é morto pela PM no Brás; agente é afastado
UOL
Um ambulante senegalês morreu após ser baleado pela Polícia Militar no início da tarde de hoje no Brás, região central de São Paulo.O agente que atirou foi afastado. As informações são da SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo).
O que aconteceu
Ngange Mbaye, 34, levou um tiro após a polícia tentar apreender sua mercadoria, segundo relatos de ambulantes. Ele foi resgatado pelo SAMU após a ocorrência, mas morreu ao ser socorrido na Santa Casa de Misericórdia.
Mbaye estava trabalhando quando houve a abordagem. Após uma confusão, Mbaye apanhou com cassetetes, pegou uma barra de ferro e avançou contra os policiais. Após tentar correr com os produtos, levou um tiro no abdome. O caso ocorreu na rua Joaquim Nabuco, no Brás, região de comércio movimentada na região central da capital.
Clima na região ficou tenso. Ambulantes protestaram contra a abordagem e disseram que houve confronto com policiais, com lançamento de bombas de gás lacrimogêneo e disparo de balas de borracha. A rua onde Mbaye foi baleado chegou a ser bloqueada. A Tropa de Choque da PM foi acionada para dispersar os manifestantes.
Ouvidoria das Polícias de São Paulo confirmou a ocorrência e vai encaminhar o caso para a Corregedoria da Polícia Militar. A morte será investigada em inquérito policial pelo DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa).
Agente foi afastado, segundo a SSP-SP. Em nota, a pasta informou que a vítima agrediu um outro policial militar com uma barra de ferro durante a operação. O caso foi registrado no 8º DP como morte decorrente de intervenção policial e tentativa de homicídio.
Comandante da PM disse que policial que atirou estava "trabalhando na folga, voluntariamente". "É uma ação que não é algo bom de a gente ver, da força da polícia, mas por vezes era necessário. Vai ser investigado", disse o Capitão Anderson, em entrevista ao Brasil Urgente, da Band.
Mbaye praticava comércio irregular, afirmou capitão. O comandante disse ainda que "houve resistência física" à ação da polícia. "A gente está analisando as imagens, a parte jurídica e técnica, um inquérito foi instaurado para apurar as circunstâncias dessa abordagem (...) É uma ação que não é algo bom de a gente ver, da força da polícia, mas por vezes era necessário. Vai ser investigado."
Comerciante trabalhava havia oito anos no Brás
Ambulante disse que Mbaye só pegou uma barra de ferro para se defender, pois estava apanhando. Ao UOL, ele afirmou que acompanhou a ação disse que o amigo temia perder a mercadoria, e que por isso tentou interferir.
Estavam trabalhando, aí os policiais quiseram pegar a mercadoria e teve o confronto. Os policiais bateram nele e, para se defender, ele reagiu e revidou. Depois, a polícia meteu um tiro nele na região da barriga. Ele já foi morto ali, chamaram a ambulância só para abafar o caso.
Amigo da vítima
Outro amigo, também imigrante senegalês, afirmou que Mbaye trabalhava como vendedor ambulante na capital paulista há oito anos. Ele o descreveu como alguém querido, que ajudava outros comerciantes da região.
Ele trabalhava há mais de oito anos ali. Era uma pessoa muito boa, mandava dinheiro para a família sempre, tinha filho. Eu morava com ele e sei como ele era bom. A gente precisa da justiça, a polícia não pode matar assim.
Amigo da vítima