Acessibilidade na UFAL: Estudantes relatam dificuldades estruturais, pedagógicas e comunicacionais
Redação
O Ministério Público Federal (MPF) realizou, na manhã desta quarta-feira (19), na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), uma audiência pública para discutir políticas de acessibilidade e inclusão de estudantes com deficiência. O evento reuniu membros da comunidade acadêmica, especialistas e representantes institucionais para debater desafios e buscar soluções concretas para garantir igualdade de oportunidades no ensino superior.
A mesa de abertura contou com o procurador regional dos Direitos do Cidadão, Bruno Lamenha; o pró-reitor estudantil da UFAL, Alexandre Lima Marques da Silva; e a coordenadora do Núcleo de Acessibilidade da universidade, Adriana Guimarães Duarte. Lamenha destacou a importância do debate e agradeceu à UFAL pelo espaço para a discussão.
Estudantes relataram dificuldades estruturais, pedagógicas e comunicacionais enfrentadas na universidade. Lucas, um dos participantes, ressaltou a necessidade de atualização do plano de acessibilidade, com participação ativa dos estudantes. Já Betânia Machado, usuária de cadeira de rodas, mencionou obstáculos urbanos e arquitetônicos que dificultam sua locomoção, chegando a relatar quedas dentro do campus. José Jamerson alertou sobre a deficiência na iluminação dos caminhos internos da instituição, agravando os desafios de mobilidade.
Críticas também foram feitas ao capacitismo estrutural e à falta de acessibilidade nas plataformas digitais da UFAL. Laert Malta, que já havia apresentado uma representação ao MPF em 2023 sobre a ausência de políticas inclusivas na universidade, reforçou a importância do debate e relatou o impacto emocional de revisitar situações de exclusão.
Ao final do encontro, foram definidos encaminhamentos, incluindo a criação de uma Comissão de Acessibilidade com estudantes, técnicos e professores, além de uma reunião entre o Núcleo de Acessibilidade e o coletivo autista no dia 27 de março. O MPF também avaliará uma possível ação judicial para melhorias estruturais e buscará diálogo com a Prefeitura de Maceió para retomada de linhas de ônibus que atendam a UFAL.
O procurador Bruno Lamenha enfatizou que a criação de um fórum permanente sobre acessibilidade na UFAL é essencial. "O MPF está à disposição para mediar esse processo, mas sabemos que as soluções precisam partir da própria universidade, em conjunto com as pessoas com deficiência", afirmou.