Indiciados pretendem ofensiva para apontar responsabilidade de ex-comandante do Exército em tentativa de golpe

04 de dezembro de 2024 às 07:46
Brasil

Foto: Reprodução

CNN Brasil

Um grupo de militares indiciados pela Polícia Federal no inquérito que concluiu ter havido uma tentativa de golpe de Estado no Brasil pretende promover uma ofensiva para apontar responsabilidade no episódio do general Freire Gomes, ex-comandante do Exército, segundo relataram fontes à CNN.

A investigação aponta que ele foi um dos dois comandantes de Força que rejeitaram assinar um decreto que instituiria um estado de defesa no país e que ele ameaçou prender o então presidente Jair Bolsonaro caso levasse a ideia adiante. O outro comandante que também teria se negado a assinar foi Baptista Júnior, da Aeronáutica.

Segundo relatos à CNN, indiciados — como o ex-comandante da Marinha Almir Garnier — têm dito nos bastidores que isso nunca ocorreu, como mostrou a CNN em março.

Outros relatam que as próprias investigações mostram que o então ajudante de ordens de Bolsonaro e delator Mauro Cid repassava informações a ele. E que, durante o desenrolar dos acontecimentos nas semanas que sucederam a vitória de Lula sobre Bolsonaro, o comandante foi omisso e exerceu uma espécie de “resistência passiva”.

Acrescentam que nunca teria advertido os envolvidos no sentido de que parassem com o movimento. E se de fato era contrário, que o fato de não ter se manifestado nesse sentido o colocou em situação de prevaricação, tipo penal previsto para servidores que deixam de cumprir sua função.

Esses militares lembram que um fator que dependia exclusivamente dos militares, em especial do Exército, era desmobilizar o quanto antes as manifestações na frente dos quartéis. E que isso não ocorreu. Ao contrário, Freire Gomes assinou uma nota conjunta dos comandantes no dia 11 de novembro estimulando a permanência das manifestações.

Relatam ainda à CNN que no dia 29 de dezembro o Comandante Militar do Planalto quis retirar os bolsonaristas da frente do Quartel-General em Brasília, mas que Freire Gomes não deixou.

CNN procurou Freire Gomes e seu advogado, mas eles não se manifestaram.