Eleições EUA: Kamala Harris conquista total de delegados necessários para indicação do Partido Democrata

23 de julho de 2024 às 09:32
Mundo

Kamala Harris, vice-presidente dos EUA (E), ao lado de Nancy Pelosi, então presidente da Câmara, durante discurso de Joe Biden em 2022 — Foto: SAUL LOEB / POOL / AFP

O Globo

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, garantiu o apoio necessário para assegurar sua nomeação presidencial pelo Partido Democrata neste ano. O anúncio foi feito nesta segunda-feira, um dia após o atual mandatário americano, Joe Biden, desistir de concorrer à reeleição – e endossar a candidatura de sua companheira de chapa. A decisão do octogenário foi tomada após semanas de especulações sobre sua saúde física e agilidade mental, e desencadeou uma onda de alívio entre muitos membros da sigla, que há dias temiam que sua permanência na campanha pudesse comprometer as chances do partido.

Em um comunicado, Kamala Harris declarou-se “orgulhosa” por ter “o amplo apoio necessário” dos delegados do seu partido para se tornar a candidata presidencial democrata e, assim, substituir Joe Biden. “Estou ansiosa para aceitar formalmente essa nomeação, em breve”, acrescentou Harris.

Às 22h48 (horário de Brasília), Kamala obteve 2.214 delegados, ultrapassando o total de 1.976 necessário para a nomeação, segundo a contagem da Associated Press. Ainda no início da noite desta segunda-feira, a contagem mostrava que Kamala já havia assegurado 66,5% do total necessário para conseguir a nomeação, com mais de 1,3 mil delegados democratas a apoiando.

Ao todo, existem 3.936 delegados no partido, incluindo ex-presidentes, líderes partidários estaduais e locais, membros do Congresso e governadores. Apenas metade deles, porém, consegue votar na primeira rodada. Analistas ouvidos pela imprensa internacional destacaram que a velocidade com que Kamala conquistou o apoio dos delegados foi “surpreendente”.

Pelas regras do Partido Democrata, explicou a AP, os delegados são livres para apoiar qualquer candidato (ou mudar de ideia) até que os democratas conduzam uma votação oficial para escolher o indicado final. A convenção da sigla está marcada para ocorrer de 19 a 22 de agosto em Chicago. Normalmente, os candidatos americanos ganham o apoio dos delegados com base em seu desempenho nas primárias e caucuses. Biden havia garantido apoio suficiente até 12 de março, com vitórias que garantiram a ele a nomeação como provável candidato do partido.

No domingo, logo após declarar que não seguirá na corrida pelo segundo mandato, Biden declarou apoio à candidatura de sua vice nas redes sociais. “Hoje quero oferecer todo o meu apoio e endosso para que Kamala seja a indicada do nosso partido este ano. Democratas: é hora de nos unirmos para derrotar Trump”, escreveu ele no X. Minutos depois, o presidente pediu doações para a campanha da companheira de chapa – que, por sua vez, disse estar “honrada” pelo apoio e afirmou que espera “merecer e conquistar” a indicação do Partido Democrata. Desde então, ela entrou de cabeça na campanha presidencial.

Num momento decisivo para a campanha, Kamala tem mantido a agenda cheia. Ainda no domingo, nas 10 horas que se seguiram ao anúncio de Biden, ela ligou para cerca de 100 líderes e apoiadores influentes do partido. Foi, em média, uma ligação a cada seis minutos, de acordo com fontes ouvidas pela imprensa americana. Figuras proeminentes da sigla, como os ex-presidentes Barack Obama e Bill Clinton, além da ex-secretária de Estado Hillary Clinton, estiveram entre os nomes contatados pela atual vice, que também conversou com líderes partidários, senadores, governadores e ativistas políticos.

Favorita do partido para liderar a chapa democrata, Kamala conseguiu o apoio mais significativo na tarde desta segunda, quando a ex-presidente da Câmara Nancy Pelosi endossou publicamente o nome da vice-presidente. Pelosi afirmou em comunicado que conhece Kamala há décadas, e que testemunhou “sua força e coragem como defensora das famílias trabalhadoras, especialmente pelo direito de escolha das mulheres”. Disse, ainda, que tem “total confiança de que ela nos levará à vitória [nas eleições de] novembro”. “Meu apoio entusiástico a Kamala Harris para presidente é oficial, pessoal e político”, continuou.

“Os EUA foram abençoados pela sabedoria e liderança do presidente Biden. Com amor e gratidão, dou minhas saudações ao presidente Biden por sempre acreditar nas possibilidades do país e por dar ao povo as oportunidades de atingirem seus potenciais”, escreveu. “Como um dos presidentes mais importantes dos EUA, Biden não só sempre esteve do mesmo lado da História, mas também do lado certo do futuro”.

R$ 451 milhões em 24 horas

O apoio de Pelosi à candidatura de Kamala se soma a uma crescente lista de políticos democratas que querem vê-la na disputa contra Trump. Também nesta segunda, cinco governadores democratas, alguns dos quais eram considerados possíveis rivais da vice-presidente, apoiaram o nome da democrata para substituir Biden como candidata nas eleições presidenciais. Em nota conjunta com os governadores de Illinois, Minnesota e Wisconsin, a governadora do Michigan, Gretchen Whitmer, disse estar “entusiasmada por apoiar Kamala Harris para a Presidência”.

A 106 dias da eleição, Kamala tem um caminho mais curto e intenso do que qualquer outro candidato. A presidenciável tem a missão de unificar o seu partido e torná-lo competitivo na disputa com Donald Trump, revertendo a vantagem que o rival mantém nas pesquisas de intenção de voto. Apesar do pouco tempo, porém, a campanha da democrata tem se mostrado otimista: nas primeiras 24 horas após a desistência de Biden, a candidatura de Kamala arrecadou US$ 81 milhões (R$ 451 milhões).

— A histórica demonstração de apoio à vice-presidente Kamala representa exatamente o tipo de energia e entusiasmo popular que vence eleições — disse o porta-voz da campanha, Kevin Munoz.