Acusada de tentar aplicar golpe contra ministro do STF, Carla Zambelli tem depoimento à PF adiado

07 de agosto de 2023 às 15:00
Polêmica

Foto: Reprodução

Por redação com o Globo

Investigada por supostamente participar de um esquema que inseriu dados falsos no sistema do Conselho Nacional de Justiça, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) teve o depoimento à Polícia Federal adiado. A oitiva aconteceria às 14h desta terça-feira na sede da corporação em São Paulo. O advogado Daniel Bialski, que representa a parlamentar, argumenta que a defesa ainda não teve acesso ao inquérito. Em coletiva de imprensa, ela negou os crimes.

"Apesar da minha cliente querer falar, a orientei a só prestar prestar os os devidos esclarecimentos no momento em que tivermos acesso à íntegra do inquérito, o que já foi solicitado ao Supremo Tribunal Federal (STF)", explicou Bialski.

Na manhã da última quinta-feira, Zambelli foi alvo de busca e apreensão em seu apartamento funcional e em seu gabinete, no Congresso Nacional. Foram cumpridos ainda mandados contra alguns de seus assessores e um de prisão preventiva contra o hacker Walter Delgatti Netto, que confessou ter invadido a plataforma e incluído uma ordem de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF.

"O que tenho de relação com o Walter é que o conheci, saindo de um hotel. Vivia trocando de telefone, queria falar ao vivo. Nos vimos 3 vezes e conversamos sobre tecnologia. Uma vez o ajudei a vir a Brasilia, ele disse que teria provas e serviços a oferecer ao PL e o levei a Valdemar da Costa Neto, fizemos uma reunião", disse a deputada.

"Ele (Delgatti) se ofereceu para participar de uma espécie de auditoria no primeiro e segundo turno das eleições. Ele encontrou Bolsonaro, que perguntou se as urnas eram confiáveis. Nunca mais houve contato entre eles", declarou.

Em depoimento, Delgatti Netto disse que Zambelli pediu que ele invadisse as contas de e-mail e o telefone do magistrado. A solicitação teria sido feita durante um encontro na Rodovia dos Bandeirantes, na capital paulista, em setembro de 2022.

À PF, ele disse que só conseguiu acessar o e-mail de Moraes, mas não encontrou nada de comprometedor, e que não obteve êxito ao tentar acessar o celular do magistrado. Ele também alegou ter tentado invadir o sistema de segurança das urnas eletrônicas, mas também sem sucesso. Como prova da relação com a deputada, o hacker entregou extratos de pagamentos bancários que ligariam Zambelli a serviços prestados por ele.

Zambelli, que chegou a levar o hacker a reuniões em Brasília, chegou a afirmar a interlocutores que sua intenção era discutir a possibilidade de ele integrar uma equipe de consultores contratados para fiscalizar as urnas eletrônicas. A parlamentar levou Delgatti a um encontro com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, na sede do partido, e outro com o então presidente Jair Bolsonaro, no Palácio da Alvorada.