Gonçalves Dias pede demissão do GSI após vídeo de ação no Planalto durante invasão de 8 de janeiro

20 de abril de 2023 às 07:57
Omissão

Foto: Reprodução internet

O ministro Gonçalves Dias, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), pediu demissão do cargo nesta quarta-feira, o que foi aceito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A saída acontece após a divulgação de imagens que mostram a movimentação de Dias no Palácio do Planalto durante a invasão do prédio, nos atos golpistas do dia 8 de janeiro. Ele é o primeiro ministro a sair do governo neste terceiro mandato de Lula. Com a demissão, mudou o clima na base do governo, e aliados passaram a apoiar CPMI dos atos antidemocráticos. O secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Capelli, foi escalado pelo presidente como ministro interino do GSI. De acordo com aliados, Dias havia relatado ao presidente a sua presença no Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro, mas não informou a dimensão da participação de seus subordinados no GSI no episódio. Auxiliares de Lula também dizem que o governo não conhecia as imagens reveladas pela CNN Brasil, que mostram um integrante da pasta orientando e dando água aos invasores.

Em entrevista à Globonews logo após ser anunciada a demissão, Gonçalves Dias disse que foi ao Planalto durante os atos antidemocráticos para retirar os invasores de dentro do local e verificar a depredação. Ele também negou ter relação com ação de subordinado flagrado pelas câmeras de segurança orientando e dando água aos invasores:

— Colaram minha imagem ao major distribuindo água para os manifestantes, fizeram cortes da minha imagem. Tenho 44 anos de profissão no Exército Brasileiro, sempre pautei minha vida em cima dos valores éticos e morais. O maior presente que dou a mim até hoje é a honra. Aquilo é um absurdo, não sei de onde vazou.

A decisão pela demissão foi selada em uma reunião chamada de última hora nesta quarta-feira no Planalto. Além de Lula e Dias, também participaram do encontro os ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Flávio Dino (Justiça) e Rui Costa (Casa Civil).

Nota divulgada pela Secretaria de Comunicação Social logo após a demissão informa que "o governo tem tomado todas as medidas que lhe cabem na investigação" sobre os ataques golpistas de 8 de janeiro. "A orientação do governo permanece a mesma: não haverá impunidade para os envolvidos nos atos criminosos de 8 de janeiro", diz o comunicado.

O general Marcos Edson Gonçalves Dias, mais conhecido como GDias, atuou no comando da segurança pessoal do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), entre 2003 e 2009.

Na época, ficou conhecido como “sombra” de Lula, ao estar ao lado do petista em todos os deslocamentos, de compromissos oficiais a programas mais amenos, como pescaria.

Após as duas primeiras gestões de Lula, GDias foi chefe da Coordenadoria de Segurança Institucional da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Neste período foi promovido ao posto de general.

Mais cedo, o ministro alegou motivos de saúde para não comparecer a uma audiência na comissão de Segurança Pública da Câmara. Ele havia sido convidado para falar sobre a ação do GSI nos ataques do dia 8 de janeiro em sessão agendada para esta quarta-feira. O órgão era o responsável pela segurança do Palácio do Planalto, que foi invadido e depredado por manifestantes golpistas.

No colegiado, Dias foi criticado até mesmo por governistas. Orlando Silva (PCdoB-SP) , por exemplo, defendeu a saída do ministro do GSI. Titular da comissão, o parlamentar é um dos principais aliados do governo.

— É uma situação constrangedora as imagens que foram publicadas no dia de hoje. Na minha opinião, o ministro GDias perdeu a condição de comandar o GSI — afirmou Silva.

Em nota divulgada após a divulgação das imagens, o GSI afirmou que apura as condutas de seus agentes durante os ataques do dia 8 de janeiro. Na ocasião dos ataques às sedes dos três poderes, funcionários da pasta trabalhavam no Palácio do Planalto.

No comunicado, o GSI afirma que os servidores atuaram "no sentido de evacuar os quarto e terceiro pisos do Palácio do Planalto, concentrando os manifestantes no segundo andar". Isso porque, segundo o gabinete, era preciso aguardar o reforço do pelotão de choque da Polícia Militar do Distrito Federal para que as prisões fossem efetuadas.

Fonte: Portal O Globo (www.oglobo.globo.com)