EUA retomam sanções contra a Venezuela após candidatos da oposição serem barrados das eleições

18 de abril de 2024 às 07:46
ELEIÇÕES NA VENEZUELA

Foto: reprodução

Por redação com O Globo

Os Estados Unidos retomaram nesta quarta-feira as sanções contra o petróleo e o gás da Venezuela, segundo o Departamento do Tesouro dos EUA, após candidatos da oposição venezuelana serem impedidos de concorrer à Presidência. A suspensão havia sido concedida em outubro, por um prazo de seis meses, como parte do Acordo de Barbados — diálogo entre o governo Nicolás Maduro e opositores em que foi negociado o alívio às sanções americanas em troca da realização de eleições livres no país. A medida está prevista para expirar nesta quinta-feira, e sua eventual renovação estava condicionada ao andamento do processo eleitoral. O governo venezuelano minimizou o caso e garantiu que continuará comercializando com empresas estrangeiras.

"Depois de uma revisão minuciosa da situação atual na Venezuela, os Estados Unidos determinaram que Nicolás Maduro e seus representantes não cumpriram plenamente os compromissos assumidos no acordo eleitoral", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller.

Haverá um "período de redução de 45 dias para transações relacionadas às operações do setor de petróleo e gás", segundo o Tesouro americano, para que a expiração "não provoque incerteza no setor global de energia", disse uma fonte. O Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) emitiu uma nova licença que permitirá a liquidação de transações pendentes até 31 de maio.

A partir de agora, empresas que queiram fazer negócios com Caracas deverão ser autorizadas por Washington, que poderá emitir "licenças específicas" após avaliação "caso a caso".

"Maduro e seus representantes não cumpriram totalmente o espírito ou a letra do acordo", disse uma autoridade americana ouvida pelo New York Times, apontando a "desqualificação de candidatos e partidos por questões técnicas e o que vemos como um padrão contínuo de assédio e repressão contra figuras da oposição e da sociedade civil".

O governo do presidente Joe Biden reconheceu que "Maduro e seus representantes" honraram alguns compromissos do Acordo de Barbados, disse Miller, mas "impediram que a oposição democrática registrasse o candidato que escolheu, perseguiram e intimidaram opositores políticos e prenderam injustamente atores políticos e membros da sociedade civil".

Washington condenou a desqualificação da candidata da oposição María Corina Machado, favorita nas pesquisas e vencedora das primárias com mais de 90%, e o subsequente veto à candidatura de sua substituta, Corina Yoris.

"Fomos testemunhas de uma campanha preocupante de perseguição e intimidação contra atores da oposição apenas por exercerem seus direitos políticos", disse um funcionário do alto escalão dos EUA, referindo-se à prisão de sete membros da campanha de María Corina e aos mandados em aberto contra outros aliados do seu núcleo duro.