Aos 43 anos, mulher descobre ser autista. “Não é coisa só de criança”

02 de abril de 2024 às 09:36
Saúde

Arquivo Pessoal

Metropoles

“Desde criança eu já tinha sinais claros para diagnóstico de autismo, pelo conhecimento que se tem hoje sobre o TEA, mas não era assim na década de 1980”, conta Cássia que, viveu 43 anos, dos 44 recém completos, sem saber que era autista.

Antes do diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) de nível 1 de suporte, Cássia conta que passou por diversos tratamentos com remédios fortes para várias doenças mentais e emocionais. “Falta ainda aos profissionais o conhecimento de que o autismo existe em adultos e que as formas de expressão do TEA são diferentes do que é esperado em crianças”, diz a especialista em planejamento e criadora de conteúdo para as redes sociais.

Hoje, com cerca de um ano de diagnóstico, ela diz que finalmente passou a abraçar as suas dificuldades e a se enxergar como uma pessoa vitoriosa, já que antes se via como “fresca e incompetente”.

“Mesmo que aos trancos e barrancos, cheguei até aqui sem nenhuma ajuda profissional especializada. Perdoei minha infância. Perdoei minhas esquisitices, passei a gostar um pouquinho de mim”, compartilha ela.

Cássia conta que o maior desafio do diagnóstico tardio para ela é o luto de perder a “persona” que criou.

“Como não sabia contra o que eu estava lutando, nunca desisti de ser normal. Eu achava que um dia iam saber o que eu tinha, me dariam um remédio e eu ficaria boa. [Com o diagnóstico] tive que ‘enterrar’ simbolicamente a Cássia que eu achava que poderia ser. E eu gostava (e ainda gosto) do personagem. Eu gostava (e ainda gosto) de pensar que um dia eu seria normal”.

Literalmente Autismo

Devido a falta de informações sobre o autismo em adultos e a necessidade de desabafar sobre as experiências que vinham com o diagnóstico de TEA, Cássia “Literalmente” criou o canal Literalmente Autismo (@literamente_autismo).

“Criei porque eu precisava desabafar o que estava sentindo durante o processo de investigação. Depois eu fui reunindo tantas informações que resolvi continuar publicando para compartilhá-las e ajudar outras pessoas a encontrar a própria paz e as próprias respostas”, afirmou.