Hospitais entregues pelo Estado são elefantes brancos para atender crianças cardiopatas

06 de março de 2024 às 13:19
Saúde

Foto: Reprodução/ Carla Cleto

O Estado de Alagoas e o Município de Maceió foram, de fato, no âmbito da Alta Complexidade, os precursores da Cardiologia Pediátrica, financiando a Casa do Coraçãozinho, gerida pela (então) Fundação Cordial. 

Com o ex-vice-governador e agora deputado estadual do MDB, Dr. Wanderley, como padrinho e Otoni Veríssimo, hoje diretor do Hospital Estadual do Coração Alagoano, a Cordial tornou-se parceira do Estado no atendimento das crianças portadoras de cardiopatia. Mas não se engane.

O Estado de Alagoas encontra-se sob uma sentença condenatória em uma Ação Civil Pública que tramita no Judiciário desde o ano de 2012, sendo obrigado a fornecer as cirurgias e os demais procedimentos aos infantes cardiopatas. 

Durante alguns anos as cirurgias foram feitas na Santa Casa de Misericórdia através de Convênio, até que em 2020 o hospital inativou sua habilitação para atendimentos de crianças com cardiopatias, deixando um vazio existencial e uma gigante demanda reprimida.

Salienta-se que neste mesmo ano, o Estado inaugurou o Hospital Metropolitano de Alagoas, construção milionária que prometia dar vazão a necessidade das cirurgias neste Estado. Nada fora resolvido. 

Com a retirada da Santa Casa os atendimentos passaram a ser feitos através de pagamentos indenizatórios “sem contrato” com a Cordial. Dois anos depois, em 2022, inaugurou-se o Hospital da Criança, totalmente voltado a atender toda e qualquer necessidade dos infantes deste Estado. Há de lembramos também que três hospitais regionais foram entregues nesse lapso temporal e por fim, no final de 2023 o Hospital do Coração Alagoano.

Tantos Hospitais na rede própria para ouvirmos o Dr. Wanderley dizer que uma outra instituição privada de saúde por “gentileza” atenderá as crianças cardiopatas no Estado? Que gentileza, deputado?

O Estado, novamente sob condenação judicial precisava adotar medidas ao fornecimento das cirurgias uma vez que nenhum de seus hospitais magnânimos é capaz de atender a demanda das cirurgias cardiopatas neste Estado, posto que não possuem habilitação junto ao Ministério da Saúde para tal ato.

É de se indagar, de quem é a culpa então?Gentil mesmo seria atender as crianças nos hospitais que foram idealizados para isso. Ou será que são somente elefantes brancos?Isso é história para outro momento.