Opositor de Putin, Alexei Navalny morreu na prisão, diz serviço penitenciário da Rússia

16 de fevereiro de 2024 às 14:14
POLÊMICA

Foto: Reprodução

Por redação com AFP

Alexei Navalny, principal opositor do presidente russo Vladimir Putin, morreu aos 47 anos na prisão, anunciou o Serviço Penitenciário Federal nesta sexta-feira. Em comunicado, o órgão afirmou que Navalny “sentiu-se mal após uma caminhada, perdendo quase imediatamente a consciência”. Médicos da instituição teriam sido chamados, e “todas as medidas de reanimação necessárias foram realizadas, mas não tiveram resultados positivos”. O órgão afirmou que as causas da morte estão sendo investigadas. Já a porta-voz de Navalny, Kira Yarmysh declarou que ainda não tem “nenhuma confirmação” sobre sua morte.

O advogado do opositor está a caminho da prisão para buscar mais informações sobre o ocorrido, continuou Yarmysh. Antigo chefe de gabinete de Navalny, Leonid Volkov disse que não tem motivos para acreditar nas notícias sobre a morte, classificando o anúncio como “propaganda estatal”.

“Se for verdade, então não é ‘Navalny morreu’, mas ‘Putin matou Navalny’”, escreveu no X (antigo Twitter).

Já o porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, disse que Putin foi informado sobre a morte, mas que “caberá aos médicos” a definição sobre a causa.

Em janeiro, Navalny havia aparecido em imagens pela primeira vez desde que foi transferido para uma colônia penal em Kharp, no Ártico russo, em dezembro. Sua equipe tinha ficado três semanas sem receber notícias sobre o opositor, e pouco se sabia sobre seu estado de saúde.

Há pouco mais de um mês, Navalny participou de uma audiência da Suprema Corte que avaliava suas queixas sobre as condições de sua prisão na Sibéria. Ele afirmou, na ocasião, que era submetido a temperaturas “congelantes”, que chegavam a 32 graus negativos.

"A cela de punição costuma ser um lugar muito frio. Você sabe por que as pessoas escolhem um jornal lá (um dos itens que podem receber na cela)? Para se cobrirem. Com o jornal, posso dizer a vocês, juízes, fica muito mais quente para dormir. Você precisa de um jornal para não congelar", disse ele, acrescentando uma queixa sobre o limite de tempo para fazer as refeições. "É impossível comer em 10 minutos. Se você comer todos os dias em 10 minutos, [fazer] as refeições se torna um processo bastante complexo", ressaltou.

Apesar das queixas, Navalny parecia estar de bom humor. Ele chegou a brincar, durante a audiência, dizendo que ainda não havia recebido nenhuma correspondência de Natal por estar “muito longe”. A poucos meses da eleição presidencial no país, que acontece mês que vem, o opositor foi levado para a colônia penal número 3. Na ocasião, disse estar “bem”. A viagem até a nova prisão durou 20 dias e foi “bastante cansativa”, disse ele nas redes sociais, as quais continuou usando por meio de sua equipe. Até o início de dezembro, Navalny estava detido a 250 km de Moscou.

Navalny, um ativista anticorrupção e um dos principais adversários políticos do presidente Vladimir Putin, cumpria pena de 19 anos de prisão por "extremismo". Ele foi detido em janeiro de 2021 ao retornar à Rússia, depois de se recuperar na Alemanha de um envenenamento que, segundo ele, foi planejado pelo Kremlin.

Kharp, uma pequena cidade de 5 mil habitantes, situa-se em Yamalia-Nenetsia, uma região remota no norte da Rússia. A localidade fica além do Círculo Polar Ártico e abriga várias colônias penais. Um dos principais colaboradores de Navalny, Ivan Zhdanov, afirmou que esta é "uma das colônias mais remotas" da Rússia. As condições lá são "difíceis", escreveu na rede X.

“As condições lá são duras, com um regime especial na zona de permafrost” e muito pouco contato com o mundo exterior, disse Jdanov. O permafrost é uma camada do subsolo da crosta terrestre que está permanentemente congelada.