Reino Unido chama Taiwan de ‘independente’ e cria tensão entre os países

31 de agosto de 2023 às 06:58
Tensão Diplómatica

Foto: Reprodução Internet

A viagem à China de James Cleverly, secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, a partir desta quarta-feira (30), ganhou um tempero especial. Tudo porque, no mesmo dia, relatório publicado pelo parlamento britânico classificou a ilha de Taiwan como “país independente”, um posicionamento que habitualmente enfurece Beijing. As informações são do site Politico.

“Taiwan já é um país independente, sob o nome de República da China”, diz relatório do comitê de relações exteriores da Câmara dos Comuns. “Taiwan possui todas as qualificações para ser um Estado, incluindo uma população permanente, um território definido, um governo e a capacidade de estabelecer relações com outros Estados. Só lhe falta um maior reconhecimento internacional.” A política conservadora Alicia Kearns, presidente do comitê, instou Cleverly a defender tal posição na visita à China, a primeira de uma autoridade britânica desde o início da pandemia de Covid-19. “É imperativo que o secretário de Relações Exteriores apoie Taiwan de forma firme e veemente e deixe claro que defenderemos o direito de Taiwan à autodeterminação”, disse ela.

A parlamentar reforçou seu posicionamento. “Este compromisso não se alinha apenas com os valores britânicos, mas também serve como uma mensagem comovente aos regimes autocráticos em todo o mundo de que a soberania não pode ser alcançada através da violência ou da coerção.”

Com o documento, o objetivo do comitê é pressionar governo britânico liderado pelo primeiro-ministro Rishi Sunak a adotar uma postura pró-Taiwan mais incisiva. “O Reino Unido poderia perseguir relações mais estreitas com Taiwan se não fosse excessivamente cauteloso quanto a ofender o Partido Comunista Chinês (PCC)”, diz o órgão.

Beijing reagiu imediatamente, através de Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês. “A China insta o parlamento britânico a aderir ao princípio de ‘uma só China’ e a parar de enviar sinais errados às forças separatistas pró-independência de Taiwan”, disse ele, acrescentando que o relatório do comitê britânico “inverte o certo e o errado e confunde o preto com o branco.”

No jornal Global Times, gerido pelo PCC, Wang falou sobre a viagem sem citar relatório. “Esperamos que o Reino Unido trabalhe em conjunto com a China para defender o espírito de respeito mútuo, manter intercâmbios profundos, melhorar a compreensão e promover o desenvolvimento estável das relações bilaterais”, disse ele, segundo o periódico.

Ouvido pelo jornal chinês, Cui Hongjian, diretor do Departamento de Estudos Europeus do Instituto de Estudos Internacionais da China, diz que a visita de Cleverly é uma “oportunidade para as relações China-Reino Unido reiniciarem e regressarem gradualmente à normalidade”, vez que “estão há muito tempo atoladas na incerteza.”

Fonte: Site A Referência (www.areferencia.com)